Uma nascente mina vagarosamente por dentro de um canyon verde e aos poucos segue seu curso em meio ao canavial para desaguar adiante numa das mais belas paisagens do Brasil: a fascinante Cachoeira do Buracão. Pelo caminho, a sensação é de alumbramento. A cada trecho da trilha, aparece um novo cartão-postal, seja do Rio Espalhado, como é carinhosamente chamado o leito largo de pedra de águas rasas, seja a visão de uma outra curiosa cachoeira exuberante, a Recanto Verde, que nasce e morre na pedra, correndo
pelos lençóis subterrâneos, exalando seu spray misterioso e fresco. Mas o clímax fica mesmo guardado para o grand finale. Depois da longa descida, arrodeando as muralhas naturais, chega-se ao fundo de um imenso poço, mas não se vê logo a Cachoeira, como era de se esperar. Há que flutuar pelo riacho, por entre as valas de pedra, até dobrar a esquina derradeira, onde a música d'água prenuncia o espetáculo que está por vir. Ei-la. Majestosamente enfeitada por seus véus de 85 metros, banhando um
lago escuro e calmo, onde os aventureiros acalmam seus espíritos e por onde se derrama a soberba beleza da nossa natureza.
Da varanda da Fazenda Margarida, avista-se toda a vastidão do vale repleto de pontas de cana, guardado por serras verdes de todos os lados. É daí, e apenas daí, que sai o fruto a ser moído, generoso em caldo e açúcar, que dará origem à Cachaça Cachoeira do Buracão. Plantação centenária, cuidada por gerações da mesma família, virgem de qualquer forma de adubo ou defensivo artificial, o canavial orgânico de Rivacy é ainda mimado pelo sol, que reveza os lados por onde entrega sua luz entre as manhãs e as tardes, e pela
água, dosada, mas constante, do microclima especial da serra do povoado do Mundo Novo. O solo retribui a gentileza e oferece nutrientes em abundância, livre de metais pesados e outras substâncias químicas, contribuindo para o terroir exclusivo desta bebida de fina qualidade.
O velho alambique de cobre na casa de taipa continuam lá. Mas só como lembrança, para matar a sede visual dos visitantes mais bucólicos. A produção da Cachaça Cachoeira do Buracão utiliza um processo rigoroso de qualidade e sustentabilidade, o mesmo usado na produção dos melhores destilados do mundo. Uma vez moída a cana, única etapa de contato humano com o produto, seu caldo entra num engenho de filtragem e decantação em série para livrar-se das impurezas e isolar apenas o líquido, que flui por gravidade para os
tonéis de aço inoxidável para fermentação. Nada é acrescentado, além da levedura natural da cana, que catalisa a transformação de açúcar em álcool, tudo controlado e cronometrado para respeitar as proporções ideais de cada ingrediente do mosto. Para se ter uma ideia de quão rígidos são estes controles, nenhuma árvore frutífera pode estar situada dentro de um raio de 150 metros, para que seus aromas mais sutis não interfiram no grau de pureza da cachaça. Depois começa o processo de destilação, no alambique
propriamente dito. O líquido desce para uma segunda sala onde é aquecido, vaporizado e, logo depois, sofre um choque térmico, resfriando-se em serpentinas mergulhadas em água, de onde sai a cachaça para o envase.
Este é um ponto crítico para garantir a qualidade de uma cachaça. A primeira tiragem, conhecida como "cachaça de cabeça" é desprezada e separada para produção de álcool combustível, por conter aldeídos e fenóis, que geralmente são os principais causadores
da dor de cabeça, a famosa ressaca do dia seguinte. Depois dessa primeira leva, vêm os litros que representam o coração da cachaça, o corte nobre, única parte selecionada pela Cachaça Cachoeira do Buracão para preencher suas garrafas. Reservada essa quantidade, o restante da produção irá se juntar à cabeça para produzir combustível e outra parte, o vinhoto, para alimentar os animais ou levar os nutrientes de volta à terra. Isto porque, é neste material que estão presentes as substâncias
responsáveis pelo mal hálito e gosto desagradável das cachaças de baixa qualidade.
Nada se perde
É importante dizer que o bagaço da cana, após moída, é colocado ao sol para secar e servir como combustível na caldeira que aquece o alambique, ou é misturada com o vinhoto para alimentação do gado, por ser um aperitivo natural de excelente qualidade. Até as cinzas da queima do bagaço retornam ao solo, realimentando-o com todas as substâncias que não
foram aproveitadas na produção da cachaça. Assim, o ciclo se completa, sem que nenhum resíduo seja acumulado ou derramado no solo ou nos rios, garantindo a preservação da natureza e a qualidade de vida da população local.
Quem sabe apreciar uma boa cachaça, vai perceber que degustar a Cachaça Cachoeira do Buracão é uma experiência especial. Apesar do paladar intenso, com forte presença do aroma da cana-de-açúcar, o gole é suave e úmido, revelando sensações vívidas e extremamente agradáveis. Sua versãopremium, após repouso de dois anos em barris de carvalho, respirando os tons rústicos da madeira, a Cachaça Cachoeira do Buracão chega à sua plenitude. O equilíbrio é essencial. O carvalho não se apresenta
como protagonista do bouquet, apenas compõe com a cana um diálogo harmônico e prazeroso. Quem sabe apreciar uma boa cachaça, com certeza, irá aplaudir esse grande encontro.
Dois dedos de prosa
Uma boa cachaça não é feita só de cana. É feita também de boas histórias. A Cachaça Cachoeira do Buracão tem muitas. Histórias como a de Chico Sanfoneiro, que de dia é vaqueiro, mas à noite, encanta as estrelas.
Essa e muitas outras estarão esperando por você aqui no nosso portal. Aguarde os próximos causos.
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